Retrato
Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida a minha face?"
x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x
O eu lírico retrata uma mudança de semblante, de perfil, onde possivelmente ele foi vítima de algo que trouxesse a perda de sua vitalidade como consequência. O sentimento expresso no poema é um de tristeza, de perda, mudança para pior. Claramente percebemos que Cecília é uma poetisa de momento. Escreve o que está a passar no instante "h", não deixando sentimento algum preso dentro de si. Eis a explicação para ela ter alguns poemas que demonstram alegrias e outros que demonstram tristezas...
Na última estrofe do poema, Meireles, já se mostrando uma pessoa atualmente oculta, mostra que por mais grande que seja uma mudança, ela é simples... Comum... Normal...
Muitas pessoas têm ficado presas em espelhos... Vendo o que realmente são diante dos seus olhos, mas contemplando mudanças a cada dia de suas vidas.
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